Homens e mulheres marcham <br>no sábado em Lisboa <br>pela igualdade

MU­LHERES O Mo­vi­mento De­mo­crá­tico de Mu­lheres (MDM) apela à par­ti­ci­pação na ma­ni­fes­tação na­ci­onal de dia 11, em Lisboa, acto cen­tral das co­me­mo­ra­ções do Dia In­ter­na­ci­onal da Mu­lher que têm tido ex­pressão em todo o País.

O MDM pre­tende su­bli­nhar a im­por­tância de pros­se­guir a luta eman­ci­pa­dora

Com a ini­ci­a­tiva que vai de­correr entre o Rossio e a Ri­beira das Naus (junto ao Tejo), a partir das 14h30, o MDM pre­tende su­bli­nhar a im­por­tância de pros­se­guir a luta eman­ci­pa­dora e adi­anta para isso ca­mi­nhos e ob­jec­tivos: «alargar a frente so­cial de luta das mu­lheres, pro­pondo, rei­vin­di­cando, va­lo­ri­zando as mu­lheres na sua acção pela cul­tura e o pro­gresso da Hu­ma­ni­dade, na sua in­ter­venção contra as de­si­gual­dades e dis­cri­mi­na­ções que as afectam, na fa­mília, no tra­balho e no plano so­cial, po­lí­tico e cul­tural», e «con­tri­buir para elevar a cons­ci­ência so­cial, po­lí­tica e cul­tural dos di­versos sec­tores de mu­lheres».

No fo­lheto de su­porte às ac­ções de con­tacto que a or­ga­ni­zação tem vindo a de­sen­volver em in­ter­faces de trans­portes pú­blicos, em­presas e lo­cais de tra­balho, afirma-se, igual­mente, que a par­ti­ci­pação das mu­lheres é de­ci­siva na con­quista e con­so­li­dação da jus­tiça, do pro­gresso, da de­mo­cracia e da paz, e re­alça-se que acção de massas con­vo­cada para o pró­ximo sá­bado é um mo­mento para dar voz às suas rei­vin­di­ca­ções e in­dig­nação.

Entre as exi­gên­cias, de­talha-se ainda no do­cu­mento, estão a ne­ces­si­dade de pôr fim à vi­o­lência sobre as mu­lheres no tra­balho e na fa­mília, ga­rantir a igual­dade sa­la­rial, a com­pa­ti­bi­li­zação da vida la­boral com a vida fa­mi­liar e pes­soal, o exer­cício dos di­reitos de pa­ren­ta­li­dade e de ma­ter­ni­dade/​pa­ter­ni­dade, bem como o acesso à pro­tecção so­cial no de­sem­prego, ma­ter­ni­dade, do­ença, ca­rência eco­nó­mica, ve­lhice ou de­fi­ci­ência.

Agenda in­tensa

No âm­bito das co­me­mo­ra­ções do Dia In­ter­na­ci­onal da Mu­lher que ontem, 8 de Março, se as­si­nalou, os di­versos nú­cleos de MDM têm vindo a pro­mover um in­tenso leque de ac­ti­vi­dades. No Al­garve, sob o lema «A voz das mu­lheres pela igual­dade», o Nú­cleo de Faro pro­moveu ontem à noite, no Te­atro Mu­ni­cipal, um es­pec­tá­culo com mú­sica e dança. De manhã, na ca­pital de dis­trito mas também em Lagos, es­tavam pre­vistas dis­tri­bui­ções de flores a mu­lheres tra­ba­lha­doras, ac­ções com o pro­pó­sito de re­cordar a data que o MDM co­me­mora em Por­tugal há 49 anos, e de mo­bi­lizar para a ma­ni­fes­tação na­ci­onal de dia 11.

No Seixal, o nú­cleo local do MDM re­a­lizou, pela ter­ceira vez, sá­bado, 5, uma ca­mi­nhada com pa­ragem no Es­paço Mu­lher para umas breves pa­la­vras alu­sivas à efe­mé­ride, aulas abertas de pi­latos e zumba e ac­tu­ação dos Karma Drums; ao passo que em San­tiago do Cacém, o Dia In­ter­na­ci­onal da Mu­lher foi co­me­mo­rado no sá­bado, 4, no Au­di­tório An­tónio Chaínho, com um en­contro-con­vívio em que não faltou o de­bate, a dança, a po­esia e a apre­sen­tação de cri­a­ções ar­tís­ticas e de ar­te­sa­nato.

Em Aveiro, as co­me­mo­ra­ções ini­ci­aram-se na sexta-feira, 3, na Uni­ver­si­dade, com uma acção de sen­si­bi­li­zação, e pros­se­guiram, ontem, 8, com um de­bate sobre a his­tória do 8 de Março e as pers­pec­tivas fu­turas da luta – na Es­cola Se­cun­dária de Es­tar­reja, e com um jantar em Aveiro. Desde o pas­sado dia 1 e até ao pró­ximo dia 10, o MDM tem pa­tente na Bi­bli­o­teca Mu­ni­cipal de Es­tar­reja a ex­po­sição mul­ti­média «Trá­fico de Mu­lheres – Es­cra­va­tura dos tempos Mo­dernos», cujo en­cer­ra­mento se previa que ocor­resse com um de­bate, às 21h00, no mesmo local, com a par­ti­ci­pação de Lúcia Gomes, do Con­selho Na­ci­onal do MDM, Dália Ro­dri­gues, as­sis­tente so­cial da As­so­ci­ação «O Ninho», e João Ale­gria, Ve­re­ador da C.M. de Es­tar­reja.

Em Al­pi­arça, ontem foram dis­tri­buídas flores a mu­lheres do con­celho, parte de um pro­grama que con­tinua amanhã, sexta-feira, 10, à noite, com um es­pec­tá­culo no salão dos bom­beiros e da mú­sica, e do­mingo, 12, com uma ca­mi­nhada ma­tinal. Em Leiria, as co­me­mo­ra­ções do Dia In­ter­na­ci­onal da Mu­lher evo­caram a vida e obra de Maria Lamas com uma peça apre­sen­tada pela Pó da Terra – Te­atro, ontem, 8 de Março, no Te­atro Mi­guel Franco. Maria Lamas, a sua vida e obra no com­bate eman­ci­pador da Mu­lher, foram, por outro lado, o mote para uma con­versa com alunos da Es­cola Romeu Cor­reia, no Feijó, Al­mada, local onde foi inau­gu­rada uma ex­po­sição.

Na Ama­dora, o nú­cleo do MDM or­ga­nizou ontem um jantar nos Bom­beiros Vo­lun­tá­rios. Em Cas­ta­nheira do Ri­ba­tejo, o Mo­vi­mento e a au­tar­quia pro­mo­veram, sá­bado, 5, a ini­ci­a­tiva «Cante no Fe­mi­nino – Vozes das Mu­lheres, Pa­tri­mónio Cul­tural e Ima­te­rial».

Já em Évora, o MDM e a au­tar­quias do con­celho ini­ci­aram, ontem, com o de­bate «Di­reitos das Mu­lheres – Luzes e Som­bras», com a ac­tu­ação de um grupo coral fe­mi­nino nos Paços do Con­celho e uma se­re­nata na Praça do Gi­raldo, e com a inau­gu­ração das mos­tras «Cante no Fe­mi­nino» e «Mu­lheres da Minha Rua», um pro­grama que do qual constam, dia 12, um cir­cuito des­por­tivo, e dia 20 a peça de te­atro «Onde Estás Tu Ca­ta­rina?».

 

Nem fracas nem burras!

Re­a­gindo às de­cla­ra­ções de um de­pu­tado po­laco no Par­la­mento Eu­ropeu, que a pro­pó­sito de uma dis­cussão sobre dis­pa­ri­dade sa­la­rial entre ho­mens e mu­lheres, in­sultou as mu­lheres de­fen­dendo que estas são «mais fracas, mais pe­quenas e menos in­te­li­gentes», a Di­recção Na­ci­onal do Mo­vi­mento De­mo­crá­tico de Mu­lheres re­pu­diou as con­si­de­ra­ções do eleito lem­brando a per­sis­tência da sobre-ex­plo­ração e da de­si­gual­dade entre ho­mens e mu­lheres que de­sem­pe­nham as mesmas ta­refas la­bo­rais, e in­sistiu que «a va­lo­ri­zação do tra­balho e dos sa­lá­rios das mu­lheres é uma con­dição bá­sica para a sua in­de­pen­dência eco­nó­mica e eman­ci­pação so­cial», e que «a par­ti­ci­pação das mu­lheres na vida de­mo­crá­tica e nos ór­gãos de de­cisão po­lí­tica é uma con­dição de igual­dade e de­sen­vol­vi­mento».

 

Se­mana de luta

Com ac­ções de es­cla­re­ci­mento e pro­testo a CGTP-IN as­si­nala o Dia In­ter­na­ci­onal da Mu­lher. No âm­bito da Se­mana da Igual­dade que ter­mina amanhã, a cen­tral e a sua Co­missão para a Igual­dade entre Mu­lheres e Ho­mens (CIHM/​CGTP-IN) cha­maram a atenção para seis ques­tões fun­da­men­tais: a igual­dade sa­la­rial, os di­reitos de ma­ter­ni­dade e de pa­ter­ni­dade, a con­ci­li­ação entre o tra­balho e a vida fa­mi­liar e pes­soal, as do­enças pro­fis­si­o­nais, o as­sédio no tra­balho e o di­reito à es­ta­bi­li­dade e se­gu­rança no em­prego

Ontem, em Lisboa, o se­cre­tário-geral da In­ter­sin­dical Na­ci­onal, Ar­ménio Carlos, par­ti­cipou numa tri­buna pú­blica sob o lema «É tempo de efec­tivar a igual­dade», or­ga­ni­zada pela União de Sin­di­catos de Lisboa. Mas esta foi uma entre inú­meras de ini­ci­a­tivas pro­mo­vidas pelas uniões de sin­di­catos, fe­de­ra­ções e sin­di­catos de di­versos sec­tores, as­su­mindo re­levo o con­tacto di­recto com tra­ba­lha­doras e tra­ba­lha­dores e de­zenas de ple­ná­rios con­vo­cados nas em­presas e lo­cais de tra­balho.

Em de­cla­ra­ções à agência Lusa, a res­pon­sável pela CIHM/​CGTP-IN, Fá­tima Mes­sias, adi­antou al­guns nú­meros que cor­ro­boram a cen­tra­li­dade do re­forço da luta eman­ci­pa­dora das mu­lheres:

  • As mu­lheres con­ti­nuam a ga­nhar em média menos 21,3 por cento do que os ho­mens. Ao fim de um ano, equi­vale a dizer que tra­ba­lharam mais 77 dias;

  • As mu­lheres são as prin­ci­pais ví­timas da pre­ca­ri­e­dade, das do­enças pro­fis­si­o­nais e do as­sédio no local de tra­balho;

  • Apesar de serem mais qua­li­fi­cadas, as mu­lheres ocupam menos cargos su­pe­ri­ores e de di­recção.



Mais artigos de: Nacional

Por mais e melhor Saúde

Milhar e meio de pessoas utentes, membros das autarquias locais e deputados à Assembleia da República, entre os quais Paula Santos, do PCP, exigiram na manhã de sábado, 4, a contratação dos médicos, enfermeiros e outros profissionais que...